quinta-feira, 15 de novembro de 2012

REPORT II FETA


        E eis que me dizem: “Ah e tal, o mundo vai acabar”. Eu cá para mim: “É isso, agora deixa-me comer a sopa”.

       Todavia, tinha fundamento teórico aquilo que ele me havia dito. O mundo estava para acabar.

      Como é normal e humano, por mais estúpido que possa parecer, começámos a preparar o nosso fim do mundo. Trabalhamos e sofremos até que chegou o dia da dita. Dia 11 de Novembro de 2012.

     O fim de mundo começou com uma dança da chuva proporcionada pela nossa professora (veja-se o vídeo de promoção do FETA da nossa Atituna). Enquanto esperávamos a chuva lá fomos entre cantigas e cantorias até ao mui nobre Teatro Sá da Bandeira. Entre apalpões e assobios, lá fomos instalando o material, e por nós entenda-se o pessoal do pro bono, e lá ficamos a coçar os respectivos até ao nosso soundcheck. E pumba, microfone no bandolim e toca a andar, que a missa já vai no adro. Feita a cortesia, lá fomos javardar mais um pouco para o bar, onde havia sido proporcionado alto momento diabético com bolinhos e café daqueles das máquinas. Bandulho cheio, lá fomos nós jantar ao restaurante Império. Pessoal do pro bono nas etiquetas e toca a distribuir animal. Comemos e bebemos e já estava na hora de actuarmos. Rola o vídeo de maior sucesso nas ruelas de Bombaim. Seguem-se risos de vergonha empática (ver “Teses sobre problemas florestais e as complicações de nostalgia vista”) e abrem-se os panos. Lá actuamos para o pessoal e ele parece que curtiu, mas também estava um bocado escuro e não dava para os ver muito bem. Temos de ver para crer. Segue-se a festança. Tudo ao molho e fé em Deus, o pessoal do pro bono de conga às costas e toca lá conquistar meio mundo: amanhã vem outro dia. Fomos animando a malta e bebendo uns copos in the gufubað, e lá se ouviu dizer qualquer coisa de piromania mas era efémero e logo não se ouviu mais nada. Chegou a hora de cantarmos com as organizadoras do fim do mundo (e que felizes estamos por alguém organizar o fim do mundo) e tudo correu bem, entre choros e gritos. Entrega de prémios e lá vai o nosso Magister para tentar meter um bolso. Afinal não estávamos a concurso, mas sim para despoletar o acabar de tudo. Conseguimos um prémio de consolação. Posto isto, acabamos a noite em grande no bar do grande Teatro, até que surge um cântico só antes comparado ao poder do Requiem de Verdi que dizia o seguinte: “Por isso é que eu sou das ilhas de bruma, onde as gaivotas vão beijar a terra”. Isto bis não sei quantas dezenas de vezes, e pega aí a minha senha e traz-me um fino. Estavam a cinquenta cêntimos os labregos. Reunida a Tuna, lá se comemorou e cantou e beber e riu e brincou, e volta e meia já o sol queria raiar e todos nós dispersamos. Vamos lá conquistar outro meio mundo.

Retiro de Inverno 2012/2013

No passado dia 2 de Novembro, a Looney Tuna partiu rumo a Cabeceiras de Basto para mais uma competição de drag-racing, organizada por fãs de carros exóticos. Chong Ottoman, destacando-se dos demais, proporcionou mais um admirável momento de superação nas ruas de Cabeceiras, ao arrecadar o 2º lugar do concurso, sendo apenas vencido pelo sanguinário street-racer de Laúndes acompanhado do seu muscle car, perfeito para a condução em estradas em mau estado. Em mau estado ficou, também, a auto-estima do nosso companheiro que, no entanto, não fez uso da sua arma secreta: os óculos de visão ao longe. Endereço, em nome da Looney, os mais sinceros parabéns e testemunho o incomensurável orgulho por mais uma conquista.
Durante a estadia em Cabeceiras sucederam, ainda, outros episódios de relevo. A noite do primeiro dia revelou 3 heróis. Após um dia extenuante, os membros da Tuna dormiam enquanto a ameaça espreitava no piso de cima: uma vespa com 8,6 cm de comprimento sobrevoava o corpo imóvel de Um Bongo. Cheech e Krillin voltavam da actividade de geocaching quando presenciaram o momento. Rapidamente, via walkie-talkie, contactaram o justiceiro de serviço, aquele que nunca descansa (a não ser nas viagens de automóvel, devido ao barulho do motor): Missionário. Imbuído da vontade dos deuses e envergando o traje académico, o último contemplou a vespa, olhos nos olhos. Num acordo de cavalheiros, Missionário e a vespa levaram a disputa para o piso de baixo, onde os caloiros, incautos, dormiam. Missionário foi encontrado inconsciente, no piso de baixo; a vespa desapareceu. O desenrolar da contenda é, até ao momento, desconhecido. 
No segundo dia, numa disputa amigável de futebol entre elementos da Tuna, Boca Doce mostrou o seu desagrado pelo facto de não haver árbitro e enviou a bola, num movimento rectilíneo uniforme, para uma galáxia próxima de nós, a Grande Nuvem de Magalhães. Perante o acontecimento, o grupo decidiu enviar o seu melhor guerreiro, Professor Astromar, habituado a ambientes com gases e poeiras, numa demanda pela bola perdida. Será que ele a encontrou? Não. Outros tentaram e também falharam. Não por falta de esforço, não por falta de capacidade, mas porque nem todos os tesouros perdidos devem ser encontrados.
Na noite do segundo dia, Naião apresentou ao Magister uma proposta que foi diferida. Inspirado em Singin' In The Rain (1952), Footloose (1984), Billy Elliot (2000), Save The Last Dance (2001), e, sobretudo, em Dirty Dancing (1987) e após privar com um carismático vendedor de sabão com uma estranha filosofia, Naião despiu-se de preconceitos, exibindo os seus dotes de bailarino à Tuna. A harmonia, majestosidade e fluidez dos seus movimentos conduziram vários elementos da TAFPCEUP a acompanharem o dançarino. Quando dança, este jovem incompreendido transforma-se, libertando o espírito e o sex appeal à la Gene Kelly.
No final do Retiro, colocando tudo em perspectiva, o Magister Metralha, vítima de insónias, teve um momento reflexivo ao fechar o portão da casa: ‘’Pá, eu vejo neste retiro os homens mais fortes e mais inteligentes que já viveram. Eu vejo todo este potencial a ser esbanjado. Poças, uma geração inteira a servir às mesas; escravos com colarinhos brancos. A publicidade leva-nos a ir atrás de carros e roupas, trabalhos que odiamos para que possamos comprar coisas de que não precisamos. Não temos propósito nem lugar. Não temos Grande Guerra. Não temos Grande Depressão. A nossa Grande Guerra é uma guerra espiritual … a nossa Grande Depressão é a nossa vida. Fomos todos levados pela televisão a acreditar que um dia iríamos ser milionários, deuses dos filmes e estrelas de rock. Isso não vai acontecer. E estamos a assimilar lentamente esse facto. E estamos muito chateados’’. 

Nós, muito windus, na tradicional foto do Retiro, prontos para voltar à Invicta! :D

E abalamos de volta à FPCEUP. Fim anti-climático.